quinta-feira, 8 de setembro de 2011

A História de uma Estrela

Ela nasceu Maria, assim como a mãe do Redentor. O nome mais bonito que uma mulher pode ter. Cresceu no seio da família, na luta incessante por uma vida digna e próspera. Foi nos idos anos de 1936, sob o signo de libra que Maria veio ao mundo, trazendo alegria para aquele humilde lar. Era a primeira filha do casal Francisco e Francisca. Cresceu trabalhando nas várzeas de Pendências, ajudando os pais e ensinando as irmães. Ralava mandioca, colhia algodão. Chico Calunga, pai zeloso não dava muita liberdade a moça, mas o cupido lhe apresentou a Antônio e a praia da Ponta do Mel foi o cénario perfeito para o romance. Muitas luas se passaram e a certeza do amor transformou o namoro em casamento. A moça agora virou mulher.
Naquele tempo a vida passava devagar e Maria dedicava-se as tarefas domésticas. Os filhos foram nascendo e as dificuldades aumentando. Alimentação, saúde e educação sempre foram prioridade. Tempos díficeis aqueles. Em busca de dias melhores, venderam a casa de Ponta do  Mel e compraram uma em Areia Branca. Poucas famílias faziam isso naquela época. A casa era modesta, de taipa, só a fachada era de alvenaria. Lar, doce lar de Maria. Seus móveis, se assim podemos chamar, eram uma cama com colchão de mola, ou era de palha? Um fogão de lata, um camiseiro, tamboretes e uma mesa. Mesa? Não. Não tinha mesa. As refeições eram feitas numa espécie de esteira, que era estendida no chão da cozinha, onde todos sentavam-se em volta para rezar e depois comer. No entanto, o móvel mais valioso daquela casa era uma máquina de costura. Quantas noites e madrugadas Maria passou pedalando aquela velha máquina, costurando “pra fora” como se dizia antigamente e vestindo os de casa. Usava retalhos de pano para fazer suas colchas e lençóis de cama. Isso lhe dava prazer. Ás vezes ficava até a hora de Antonio acordar pra sair para mais uma jornada ao mar. Maria levantava-se e ia arrumar a “cabaça” – uma caixa de madeira com tampa - onde Antonio levava banana, açúcar, farinha, rapadura e outras coisas para comer durante a pescaria.  Era o chamado “rancho”. Despedia-se dele e ficava a orar pela sua volta são e salvo. Era uma alegria quando Antonio voltava. Trazia quase sempre um leve sorriso no rosto e uma “palha” de peixe na mão. Era a certeza que o almoço do dia estava garantido.
Assim ela criou os seis filhos; na escola, na igreja e trabalhando também. Ensinando os valores fundamentais para uma vida de respeito e dignidade. Sua humildade e o amor incondicional ao trabalho e a família sempre foi reconhecido por todos. Sua fortaleza nunca se abalou, nem quando teve de suportar as dores das perdas que sofreu. Sua mãe, a irmã, o pai, o marido, o filho mais velho e o neto, deixaram lacunas enormes na vida dela. O seu alicerce é a fé em Nosso Senhor Jesus Cristo.
Não sabe Maria o quão grande é o nosso orgulho em tê-la aqui entre nós. Serena, bonita e teimosa. Sim, esse é o adjetivo que mais combina com ela. Às vezes ela acha que pode carregar as cruzes de todo nós. Mas como Maria? Se até Jesus precisou de ajuda pra levar a dele até o Calvário. Mas ela é assim, perseverante, ela é o motor dessa família, tudo gira em torno dela, é o nosso sol e nossa bem-aventurada estrela da manhã, a estrela d’alva, a Vênus, ou simplesmente... Maria.
Felizes somos nós, que estamos aqui reunidos e que a amamos. Ela faz 75 anos no próximo dia 30 de setembro e somos nós que recebemos o presente. Obrigado senhor por mais esse ano de glória. Amém.